sábado, 22 de janeiro de 2011

A CASA MODELO

Cigarro na boca, mãos no volante, olhos à frente e ouvidos atentos a música do Oasis:

How many special people change?
How many lives are living strange?
Where were you while we were getting high?

Slowly walking down the hall
Faster than a cannonball
Where were you while we were getting high?

Someday you will find me
Caught beneath the landslide
In a champagne supernova in the sky
Someday you will find me
Caught beneath the landslide
In a champagne supernova
A champagne supernova in the sky

Wake up the dawn and ask her why
A dreamer dreams, she never dies
Wipe that tear away now from your eye

Slowly walking down the hall
Faster than a cannonball
Where were you while we were getting high?

Someday you will find me
Caught beneath the landslide
In a champagne supernova in the sky
Someday you will find me
Caught beneath the land slide
In a champagne supernova
A champagne supernova

'Cause people believe
That they're gonna get away for the summer
But you and I, we live and die
The world's still spinning around
We don't know why
Why, why, why, why

How many special people change?
How many lives are living strange?
Where were you while we were getting high?

Slowly walking down the hall
Faster than a cannonball
Where were you while we were getting high?

Someday you will find me
Caught beneath the landslide
In a champagne supernova in the sky
Someday you will find me
Caught beneath the landslide
In a champagne supernova
A champagne supernova in the sky

'Cause people believe
That they're gonna get away for the summer
But you and I, we live and die
The world's still spinning around
We don't know why
Why, why, why, why

How many special people change?
How many lives are living strange?
Where were you while we were getting high?
We were getting high
We were getting high
We were getting high
We were getting high
We were getting high
We were getting high
We were getting high
We were getting high
We were getting high


A estrada em seu percurso traz e leva pessoas aos seus destinos, às suas vontades. Vontade de contornar o passado, de reescrever, desistir de ser o melhor para apenas viver, já que de nada, nada lembrará. Douglas, comanda seu carro nesta estrada, cujo destino será a volta a sua adolescência. Vira à esquerda, passagens rodeadas de plantação. Mais um cigarro. Mais de New York Dolls. Mais uma olhada no retrovisor.A poeira da estrada assenta no veículo. Como é o tempo, uma poeira que esconde as lembranças.
Vê as duas casas de longe. Não consegue continuar. Pará o carro. Sai para vomitar. Vomitar as cicatrizes. Vomitar a amargura de não saber a estrada que o futuro trilhará. Não saber por quê existe. Não saber por quê não pode usar roupas de brechó. Não saber por quê a mulher da padaria é feia. O por quê de achar alguém feio. Não saber acabar com o consciente coletivo.
Assina um cheque e passa para as mãos do ser que carrega rugas em sua testa. Este é o chamado proprietário dos dois imóveis, que agora estão sobre a tutela deste que carrega uma cicatriz nos braços. O vento que sopra para o leste leva consigo farelos do que não existe, leva a dimensão do que virá, leva Douglas à pequena cidade. Esta que os seres humanos denominam de lugar de civilização fica a uma pouca distância das casas.
Um papel na mão e palavras na boca. Com esta munição, atira no vendedor da pequena loja de construção. Lá com a ajuda da comunicação, transmite signos. Signos que traduzem em nossas mentes aquilo que se chama renovação. A pequena casa à direita da que fica à esquerda será reformada.
Momento de ir ao encontro de seus. Nada é de ninguém, e o fato de existir já induz ao fato de não pertencermos ao futuro. Estes seus, são conhecidos de quando era adolescente e vinte e cinco é o tempo em anos que seus olhos não se cruzam. Anos, apenas marcações inventadas por homens afim de marcarem algo. Este algo é o tempo.
Bate a pequena porta. Um homem desperta do cinismo do dia-a-dia. Surpreso, seu rosto fica. A porta fecha-se. O homem volta a seus afazeres. O homem não desejava ter visto. A campanhia toca. O homem abre novamente. Puxa o cara. O cara=Douglas. Joga o cara no gramado.Pressiona o pescoço do cara. Pede que o cara saia, que vá embora. O cara abraça o homem.

Dentre quatro humanos que se encontravam na rua. Quatro humanos com seus problemas familiares, seus sonhos, amores e vontade de liberdade = adolescentes.
Quatro: o homem, o cara (Douglas), a mulher do homem e o que morreu.
Quatro mentes que gostariam apenas sentir felicidade.
Entre os quatro, contavam seus absurdos, seus surtos, suas drogas, seus agostos.
Encontraram uma casa perdida e inabitável. A CASA MODELO. Nominaram-na simplesmente assim.

Dicionário dos SYG*:

A CASA MODELO: reduto dos desejos, ambiente onde o SYG se encontravam, conversavam, viviam suas festas.
*Submarine Yellow Group.

Corriam pela casa, em meio psicodélico, ao som de Mona ( The Rolling Stones).
Corriam. Riam. Pulavam. Sentiam longe dos olhares de seus pais. De vendas. De corpo. De sopro. De luzes. De felicidade. A liberdade era um tanto, que este tanto não poderia caber num poço sem fim.
Cada qual tinha seu quarto nesta casa, tinham sua sala. Esta casa que foi encontrada velha. Que foi encontrada habitada por aranhas. Agora jazia decorada a maneira destes garotos. De seus sonhos. A sala era posta em Lp’s, escutavam vitrola o dia todo. Rolling Stones, The Beatles, The Doors, Janis Joplin. Fotos de polaróides. Novelos desgarrados.

O homem= Vitor. Seu quarto tinha cartazes de filmes: 2001, Jornada nas Estrelas, HQ’s jogadas ao lados. Gostava de séries de TV, desenhar e ler. Jorrado de livros e figuras feitas por suas mãos, misturado com uma bola de futebol americano, Lp’s e VHS.

O homem que morreu= Marcos. Mulheres em todas as paredes, fotos de atrizes e um quadro negro. Neste, resolvia suas equações matemáticas, se afogava em números, em saberes da Natureza. Livros de “Como funciona...” em quantidade enorme estava em seu ambiente. Sua paixão: aviões. Seu sonho: ser piloto. Sabia os modelos e colecionava um catálogo de figuras de caças.

O cara= Douglas.

A mulher do homem= Débora.

O homem que morreu foi o pretexto para o encontro dos três que restaram. Débora e Vitor estão divorciados. E o cara vem reerguer A CASA MODELO. Casa queimada há anos, por suas mãos. Ciúmes de Débora ter escolhido Vitor. A cicatriz prova seu passado e não lhe deixa esquecer que o fogo também marcou Débora em suas costas. Douglas regressou para dar vazão ao sentimento de existência que inunda seus pensamentos. Com quarenta e após a morte de Marcos, somado com o fato de viver, trouxe-lê a carência de rever seus entes e se refugiar na CASA MODELO.
Ele veio para que eles vivessem de novo. Ele veio para que a casa seja refeita. Ele veio para eles correrem e sorrirem. Ele veio para trazer vida, e vida em abundância.

Nenhum comentário:

Postar um comentário