quinta-feira, 30 de julho de 2009

O Teatro da Vida

A cortina abre.
Eis que o espetáculo começa,
com o teatro rugido de vidas.

Como numa peça de Brecht,
o ator ama, chora, ri e odeia.
Encorpora uma gama de sentimentos.

No Grand Finale,
a fadiga inunda o ser.
A cortina fecha.


segunda-feira, 27 de julho de 2009

TRASH

Pelas ruas fétidas e negras de Chernobyl nascem baratas encouraçadas de nojeiras cadavéricas. Vegetam em um meio radioativo, onde suas células se embriagam de metamorfoses maléficas. O cheiro do esgoto e dos defecos de prostitutas que se lambuzam em cânceres empesta um pequeno inseto que adquire uma forma lynchiano de berração somática. Esta tal faz produzir pus num pacote intestinal dessa barata acrobática. Ela rasteja e anteniza-se as rosas de Hiroshima.
Cresce inexplicavelmente no Freaks ucraniano, uma enorme bolha de pus radioativa. Este inseto não suporta tal estupor, explode. Pedaços de tecido e gosmas de pus alcançam as nuvens fazendo-as precipitar sobre o sul da terra amaldiçoada. Chuva radioativa que cai sobre humanos mórbidos anticulturais homofóbicos, tais gotas lambuzam os corpos desses seres neoevoluídos fazendo-os se transformar numa experiência de Hitler. Se tornam zumbis, canibais romerianos, que chupam sangue, trasladam esqueletos e devastam este planeta.

Se todos fossem Simon e Clara

Sendo o colosso da vontade,
vontade de mudar uma nação
desde a maré de pensamentos
até a realização da ação.
Por venturas andei sonhando
com o meu cavalo traçado,
traçado de cores patriotas.
Corri com o coração alado
e a voz contundente
em prantos de indignação.
Saltei muralhas e fiz do fundo
o lugar onde fui parar.
As margens dessa cultura
nadei no rio das revoltas.
Firme permaneci até dias de angústia,
buscando a identidade
de um povo que esquece.

Prece de um Cidadão

República-Nossa, que estais em Brasília, santificado seja nosso Brasil. Venha a nos a vossa cultura, seja feito um sistema educacional melhor, assim como na Finlândia e na Noruega. O direito como cidadões nos daí hoje, perdoai nossa paralisia, assim como perdoemos tio San pelas bombas de Hiroshima e Nagasaki e não nos deixei cair nas mãos do capitalismo. Livrai-nos de toda alienação. Amém.

Arquitetando Morrissey

Vai ao teatro para poder lhe ver,
para esquecer que mora só,
que acorda só.

Vai ao cinema para poder lhe sentir,
para esquecer que cozinha para si,
que almoça consigo.

Vai a biblioteca para poder lhe falar,
para esquecer que é artista de si mesmo,
que ele mesmo contempla suas obras.

Vai a lugar algum para poder lhe abraçar,
para esquecer que ainda não lhe encontrou.

Dançando a Sós

Bernardo vê.
A moça movimenta
suas curvas
em deslocamentos poéticos.
Sobressai-lhe a mão
em ritmo que toca o garoto.

Bernardo suspira.
A moça dedilha
suas pernas.
Encanta ao demonstrar toda dor
que sai em seus passes.
Interpreta ‘I know it’s over’.

Bernardo chora.
A moça contorce
seus membros.
Sublima a mente
ao dançar em descontinuidades.
Logo o garoto esquece que vai embora só.

DECIDI O BILATERAL

Pensei em ficar sozinho,
ser livre a todo instante.
Tragar minha alma a independência,
fazer da minha vida um mar unilateral.
Sentado em minha mente excêntrica,
avistei um par de andorinhas.
Refletindo em meu coração
conclui a idéia de não ficar só.
E de que toda espécie exprime,
necessita de alguém para repartir o prazer.
O grande prazer de viver.