domingo, 15 de novembro de 2009

Aos 18

As feridas começam a estancar.
O que será de mim amanhã?
A resposta encontrarei esta noite,
na batida dessa saída obscura,
com minha ciência,
minhas roupas de cotelê
e meu All Star azul.

Abrir os olhos e encarar a realidade,
vou pôr minha cara a tapa
sem medo, receio e preconceito,
o que quero é experimentar
e então viver.

Escrito a duas mãos!

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Bananas Trufadas e Caramelizadas II, escrito a duas mãos

Modificado por Eder Rodolfo


Oculos Ray-ban, chinelos Havainas, bermuda xadrez e uma camiseta branca básica. Look perfeito para ir ao chaveiro naquela segunda de manhã.

Chega ao seu destino.

Atendentes: Velhos. Ora, pois, dentadura amarelada caindo à boca, remela impactante aos olhos de qualquer pessoa convencional, sulcos profundos na testa, nas bochechas... no corpo todo. Genitálias anacrônicas. Parecia que a névoa da manhã tinha se assentado sobre seus cabelos, os quais se viam embevecidos pela fumaça vinda de seus pulmões a cada tragada que davam.

Atendente mulher: Boa tarde, moço.

Atendente homem: O que você quer?

Mancebo: Venho, por meio deste, lhes informar que tenho conhecimento da palavra chave.

Atendente mulher: Qual?

Mancebo: Pois bem, a palavra é...

Atendente homem: Na mosca.

Atendente mulher: Chega mais.

Seguiram por um longo corredor negro. Abriram as portas da esperança. A sorte estava lançada.

Atendente mulher: Homo ou hetero?

Mancebo: O que me apetecer.

Atendente homem: Pode olhar.

Enquanto vistoriava, dizia a si mesmo: (pênis vinte centímetros Powerscrap) hoje não, (lubrificante Escorrega e Entra) hoje sim, (dados Kama Sutra Viintage) hoje não, (vagina pulverizadora Atenas Schifosa) hoje sim, camisinha Cabeça de Vênus sabor melancia atômica) hoje sim, (consolo vibratório L’Amour De Moi) hoje sim, (calcinha comestível Apertados em Santos sabor jabuticaba alemã) hoje não. Assim se seguiu a lista de compras nada convencional do mancebo que visitava os chaveiros.

Pi, pi, pi.

Atendente mulher: Tocou o som.

Atendente homem: Estou escutando.

Atendente mulher: Ele foi escolhido.

Atendente homem: Deve de ter as medida certas.

Atendente mulher: Se o computador tá falando, é verdade.

Atendente homem: Ele analisou pelas câmeras.

Atendente mulher: Então, vamos fazer o serviço.

De um baú ousado retiraram uma seringa de ouro de tolo, introjetaram aquele líquido peculiar de coloração rosa e, num pulo de gato, injetaram a solução no dorso da mão do mancebo. Ele caiu duro por terra. A morte chegou. Os atendentes abaixaram sua bermuda e seu samba-canção. Com o facão, deceparam o órgão genital do mancebo que não passava dos trinta e nove centímetros. O computador não errara.

Mumificaram com formol e cera aquilo que deixara de ser uma parte do corpo e agora era um objeto na estante de vendas. Os negócios iam de bem a melhor

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Vestígios Invisíveis

Em cena, em ato, mas com engano,
alucinei sabores etéreos,
tracei o incerto futuro envolto de teu calor.

A felicidade utopizada ora roga pra ser ligitimada
ora para ser extirpada dos meus pensamentos,
que arrancam minha essência.

Regogizo tatear sua pele
na ilusão repetida,
em eco desse ego ferido.

Escalda em meu corpo esta vaga a ser preenchida,
em falta inquietante
ainda planejo o irrealizado,
em vã loucura
exalar teu cheiro.

Em trajeto irreparável,
perfura o âmago
indigna o ideal,
dissecando junto a esperança
de me afogar na melodia de tua voz.
Assim derramo a tristeza da fonte
a fim de secá-la.




Escrito a duas mãos.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Um abraço

João Ricardo
Gerson Conrad
Ney de Sousa Pereira
.
O próximo paciente, o que se chama solidão, o que se chama morte, o que se chama patologia é o mesmo que se chama tristeza. Maria, na ânsia de não pensar a respeito da receita que daria a tais pacientes, trabalhava no hospital que a catedrou. Sua aposentadoria livrou metade de seu tempo a prazeres pessoais e a outra ao apartamento vazio na Barra. No que diz respeito ao primeiro, trabalha como médica, levando na bolsa a carteira de identidade, que acusa:
Data de Nascimento 30/08/1934.
O que direis, se o que disse é o nome de seu último paciente do dia. Pronuncia Amácio Salles, isto não lhe soa estranho, diz novamente. Sua testa exprime-se e seu cérebro faz ligações.
Senta na cadeira, leva a língua até o céu da boca, estremece o pescoço e olha para a porta. Branca, diferente de sua memória que agora usuflui de uma aquarela de lembranças. E ela se abre, como sua mente, como a morte.
Raciocina: como ele está diferente, seu cabelo ralo e loiro e seus olhos azuis se perderam num rosto enrugado, numa cabeça calva e num andar corcunda. De sua boca, as vibrações produzidas chegam ao ouvido de Maria.
-Espero que se lembre!
-O que fica são acontecimentos que nos marcam, ruins e bons, que o cérebro não apaga! ...E lembro-me de seu abraço.
-Pois me lembro da distância e do que não foi vívido.
-Do último não me lembro, não aconteceu! É, ah ... o tempo não volta e está passando.
-Seria diferente, uma outra vida.
-São escolhas, poderia ter transado com você, casado e envelhecido ao seu lado!
-Seria melhor?
-Apenas seria diferente.
-Bom, acho que não vale lamentar. O meu pai foi morto pelo seu e nós ... não há passado que se torne presente! Estou consumido.
-Então um abraço.
Cordialmente um abraço. Não há movimento oposto dos ponteiros do relógio!


China Girl

Ali, assim. E o mesmo comigo.
Longe de uma tradução,
se expressava numa linguagem emblemática.
No movimento da testa e na lágrima
percebia apenas sua tristeza!



(A linguagem corporal e a solidão são universais.)