quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Domingo

Aos domingos
ponhava no rádio
fitas antigas
de Tonico e Tinoco
Os amigos traziam as cervejas
geladas a ponto de bala
Sentado na varanda
se vazia o dia de descanso

No clube do vovô
sábado a tarde,
as mulheres vinham a sua procura
Dançava com sua boca desdentada
ria, contava piadas, lorotas
“todo mundo gosta de gente alegre”


terça-feira, 2 de outubro de 2012

Andressa

Imersos em nossos infinitos
Nesta pangeia, num plural
Arquitetamos nossos desejos
Desenhamos os objetos que decoram
Fazemos a sala, a rua, a visão
A janela aberta, a porta fechada
Cortinas, praças, discos na parede
Violão a mão, Swift ou Radiohead
Mudamos móveis, um designer
Construtor, a gênese de nosso mundo
Quando aparece um hóspede,
O aposento está ali
Faça o check in, pose aqui
Durma, me conheça.

Gozo

num mile de segundo
perpetua tua espécie, oh homem
lança vida e desgosto
resumindo todo o assédio
a noite, a vontade se desvaneiam
se formam circos
tão rápido, disparato, tua apresentação
que se pergunta, o preço do ingresso,
valeu pra tal intento?

Medo

Quão vulgares palavras
Essas não ditas,
frutificadas nos pensamentos
dos homens
Sobre tecidos arramados pelos desejos
Vontades lascivas
de intuitos prazerosos
Repercutem no corpo
Sismas de sentir

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Fechando a porta,
Sai pelo corredor,
Desce as escadas,
Deixa o táxi de lado,
Vai na chuva,
Acompanhada da liberdade.
Na rua, pingos
Tira a camiseta
Mostra os lindos seios ao mundo
Chega em casa,
Pega todas a fotos, lembranças,
Dadas por ele
E joga fora.

Carlos

Juntar palavras, é difícil, ás vezes,
Num tom de frase bem soado
Com lírios e rimas sextantes
Não consigo, não me deixo
Muros altos, minha personalidade
Das ações faço meus sentimentos
Sem prosas, versos ou Hai kai
Não sei dizer, aquilo que os apaixonados falam
Apenas sei estar presente
Passando o tempo ao seu lado

Monstro de mim

Na busca por vilões
Rançoso estou...
O que simula perigo está alheio
Os outros, o fora
É fachada, quadros pintados
A realidade segundo,
Arquiteto de suas situações
O Leão é interno
Na punição dos crimes
Enjaulo minha mente

domingo, 1 de julho de 2012

Pênis 2

Na pele lascada,
sob o palpável,
pelos sentidos,
Polindo.
Nervos e cabeça.
Furiosa direção tomada.
Gozando na geratriz.

Pênis

Se ponha avante
na batalha corporal,
quando acordado,
na busca de entradas
em cavernas de prazer.

Bunda

por detrás desses gemidos árduos,
escorre dentro de minhas narinas
o estupor de meus arrepios,
 fazendo meus pêlos se eretizarem,
meu pênis se enrijecer,
o meu gozo a ejacular.
intensa gana de esfregar minha pele, meu sentir
a voracidade contamina os corpos,
de se tocar, se lamber,  num ínfimo de prazer
aforgar-se nos esquecidos orgamos.
pelo sangue efervescente, chega nos meus pulmões, seu cheiro.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Cheiro de Sexo


Num bar, numa esquina de alguma qualquer cidade, onde mulheres buscam sexo e homens amor, Charles estava. Tomando um copo de leite com vodca, rosnava os dentes a cada instante que a mulher ao lado lançava um olhar. Nem loira, nem morena, ruiva. Uma ruiva com lábios grossos de batom marrom glacé. Calça jeans, All Stars, cigarro entre os grandes e brancos dentes. Estava sozinha aquela noite, coisa de se estranhar. Os curtos cabelos ruivos caiam pelo rosto de Paula. Estava desestimulada de viver, de tantas transas, de tantos pênis, nenhum havia lhe tirado do poço da solidão. O orgasmo momentâneo era mínimo para o espaço que havia em sua mente.
Por isso ela bebia. A bebida lhe trazia felicidade momentânea. Era sua válvula de escape. Paula gostava da sensação que o álcool lhe dava. Escorregando boca adentro, e queimando no estômago, seguido de um longo trago em seu cigarro. Suas veias se dilatavam quando o fluxo de substância escorregava pelos órgãos de seu corpo. E Charles a observava, seus olhos a devorando, sua boca já sentindo o gosto salgado de seu corpo. No ápice de sua plenitude, não percebeu que um homem a observava. Charles, cansado de ser pago por mulheres ricas e velhas, que desejam ser estupradas por adolescentes. Queria sentir o que é transar com o simples desejo de querer. Desejo esse que há muito não sentia, o prazer se tornou monótono, assim como a vida de Paula. Charles enfiando uma prata no bolso do garçom, pediu que este entregasse um cigarro para a dona dos ruivos cabelos. A feição da moça ao receber o cigarro foi feliz. Já estava a ponto de achar graça de tudo.
O turno do garçom estava por acabar, pensava em talvez se sentar e tentar a sorte com a linda moça ruiva que desde cedo vem a olhar. Paula começou a perceber que o garçom a olhava. Naquela noite queria apenas sentir a tranquilidade da grande cidade e não as mãos de um homem ou mulher em suas costas. Seria melhor levantar e ir embora? Tirou a camiseta e mostrou os seios dizendo: “Esta minha pele não vai encostar em nenhum de seus pelos, ela apenas sentirá a poluição dos carros”
Ascendeu o cigarro ganhado e depois sem tragar o lançou até o chão e pisou neste, até que nem resquício de brasa existisse, assim como sua vontade de acordar de manhã.
Se levantou, e começou a andar,
logo um outro garçom a parou. A conta não havia sido paga. Vasculhou os bolsos e percebeu que estava sem grana. Virou ao garçom e perguntou "O que você quer?" Charles logo se propôs a ajudar, retirou um bolo de notas do bolso. A moça abaixou  a cabeça,   com a conta paga os dois saíram do bar. Constrangida pela situação, agradeceu ao homem. Estava meio tonta, a bebida ferventava em seu estomago, sentiu ânsia. Via os lábios do homem se moverem, mas não ouvia nada Apenas assentia com a cabeça. De súbito, não via e nem ouvia mais nada. Quando a visão voltou, mesmo turva notou que estava dentro de uma pequena sala. Estava sem calcinha, deitada em um sofá velho empoeirado. Atrás de sua peça de roupa íntima, se deparou com o homem que havia pago sua conta. O homem estava dormindo?
Ficou chocada ao perceber que não. A alma já havia deixado seu corpo, que estava mole jogado no chão. O homem estava usando sua calcinha, e estava de peruca loira. A palidez excessiva mostrava que o homem já não respirava há tempo. Olhou o relógio, já eram 7 da manhã, o boca com gozo amargo. A cara inchada mostrava que já haviam se passado algumas horas desde que estava no bar. Então Paula resolveu pegar sua maquiagem e usá-la no homem. Achou que como ele foi solicito com ela, que ao menos ele fosse encontrado com uma boa aparência. Se vestiu, o deixaria ali. Apenas mais um capitulo de sua vida.
E do que adiantava viver todos esses capítulos se não havia com quem partilhar. Paula se sentiu atraída pelo cadáver ao chão,
sentou-se do seu lado, e o beijou. Um beijo não correspondido, mas um dos mais sinceros que já teve. Resolveu beijá-lo novamente... pegou os braços gélidos e os colocou em suas costas. Deitou sobre o cadáver e por ali ficou.
Feliz. O frio do corpo fez com que se arrepiasse. Tirou a calcinha do homem. A vontade de não mais sentir um homem em sua pele, se foi. Após esfregou seus órgãos genitais no corpo frio. Enquanto esta ali, feliz, o garçom que não a desejava mais, se encontrava satisfeito do outro lado da cidade. Saciado pelo corpo de Paula, e com a imagem de charles morrendo por suas mãos. Morte rápida e indolor. Degolando-o com o sutiã e passando HIV para ela. Que havia pegado de uma outra vitima, já não sabia mais qual. :seu interesse era proliferar. Com um tufo de cabelo de Paula fez um cigarro. fumou o ruivo cabelo, este tinha um gosto diferenciado dos outros. Cabelos pretos tinham gosto de ervilha. Os loiros tinham gosto de sabão encostado. Mas os ruivos eram calmantes, pareciam cogumelos. Desde então suas vítimas passaram a ser ruivas para sentir-se calmo.