quinta-feira, 10 de março de 2011

Cotidiano

Seis horas da manhã:
A mão de Isolda aperta o botão vermelho do relógio. Ela levanta da cama, com os olhos fechados e remelentos. Quando os abre está em frente a sua reflexão no espelho do banheiro. Fica uns trinta segundos se contemplando até banhar seu rosto. Escova seus dentes e faz suas necessidades. Chega na cozinha e ponha a água para ferver. Enquanto não chega no ponto exato, Isolda volta sua atenção para a carne, tempera esta e a frita. Fervida, prepara o café com delicadeza e com o resto da água refoga o arroz. Pega a margarina e uma panela com feijão na geladeira. Volta, faz o lanche e coloca o café na garrafa térmica. Estes dois últimos itens, ela coloca num borná.
Vai ao quarto e chama o marido. O relógio aponta seis e meia. E ela retorna a terminar a refeição. Arruma a salada, a carne frita, o arroz, o feijão e farofa. Junta tudo numa marmita e coloca em outro borná. Recepciona o marido na cozinha com um bom dia. Passa-lhe as trouxas de comida e deseja-lhe um ótimo dia de construção.
Vai ao quarto que fica ao lado do seu. Bate na porta. Chama pelo nome de Ana, pede para que ela acorde. Na cozinha ponha o café sobre a mesa, pão e uma velha margarina. Espera a filha chegar do banheiro. As duas fazem a refeição da manhã juntas. Enquanto a filha se prepara para ir a escola, Isolda lava a louça do café. A filha diz até mais e dá-lhe um beijo em sua bochecha.
A mulher volta à cama e dorme até as nove. Acorda. Varre a casa, tira o pó de seu quarto, do quarto de Ana e da sala. Após, passa um pano úmido no chão. As dez horas limpa o banheiro e passa a roupa.
Onze e dez, começa a esquentar a comida. Quando a filha chega, almoçam juntas. A filha lava a louça do almoço e Isolda limpa o fogão, a pia e passa um pano úmido no chão. As duas se jogam no sofá. Isolda pergunta sobre a manhã da filha na escola. As duas conversam. As duas se aprontam. A mãe levará a filha até a classe de informática, depois irá ao centro. Deixa a filha no estabelecimento. Indo para o mercado, dobra a esquina e vai em direção ao porto.
Entra num banheiro de uma praça. Troca as roupas, usa batom, ponha peruca loira, lança perfume. Sai do banheiro e segue até o porto. No cais, passa por vários barcos de porte médio. No que nomeia-se Bárbara, pára e o adentra. Um homem de traços forte a vê. A abraça. A beija. A tira a peruca. A tira o vestido. Os dois transam. Ela o beija. Ela o cheira. Ela sente seu corpo com seus lábios. Os dois transam. Isolda coloca a peruca, coloca o vestido, coloca o batom e sai. Segue a rua até o banheiro público. Lá, tira a peruca, tira o vestido, tira o batom e segue até o mercado. Compra um macarrão, um quilo de carne moída e extrato de tomate. Pega a filha e chega em sua casa.
No fim da tarde prepara a janta. Macarronada. Arruma a mesa, toma um banho. O marido chega. O presenteia com um beijo. Após seu banho, os três se alimentam juntos. O marido vai assistir televisão e Isolda lava a louça. A filha fica em seu quarto no computador. Isolda vai para a cama e o marido a acompanha. Os dois conversam. Ele declara como foi seu dia e ela fala de apenas algumas coisas do que aconteceu no seu. Fala da angústia da filha estar crescendo, de sua mãe doente. O marido a abraça. O marido dá-lhe aconchegos. Os dois dormem. A filha dorme.