domingo, 6 de dezembro de 2009

A Festa dos Apóstolos para Emanuel

Pedro traz de presente um chapéu de cor cinza, traz consigo também seu irmão, André. Este último traja um roupa de palhaço e prepara-se pra seu show de comédias circenses. Quando abre a porta, vê todos, bem ali, presentes. Mateus, cantor de Bossa Nova, Tomé cineasta de curtas que um dia disse que seu sonho era filmar folhas em movimento, cortinas a favor do vento, o cabelo e a boca de Maria, enquanto atua e diz "Amar é tentar ser feliz num chão de tristeza".Tiago, filho de Zebedeu, em ciranda com Judas, que cospe amendoins nos adultos, festejam e riem quando André faz piadas. Choram com o tocar do piano por João, cujo o olhar é para Emanuel, que abre seus presentes e dança com Maria Madalena, a qual usa vestido longo e aberto, feito liberdade, feito uma criança numa chácara de árvores de laranja. Mas a noite é do viajante, é do sonhador e lutador, aquele que profetizava e levava a boa nova com seus discípulos em uma Combe velha. De cidade a cidade, deste interior, divulgavam a literatura, o cinema, o teatro de bonecos, nesta companhia de companheiros que sentem prazer naquilo de jogar uma tinta nos corpos e pintarem suas almas. Hoje, na sua festa de despedida, o melhor é celebrar seu funeral enquanto está vivo, não após o câncer lhe consumir. Os convidados sabem que partirá nestes dias e assim festejam sua morte. E seus risos e aplausos é pelo que este homem fez.

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