sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Carta a Betinho

Olá, como vai?
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As coisas aqui não andam fáceis, tem que se ter prudência e sobretudo medo. Mas acredito no futuro e na derrocada da carta do Rei de Copas, também sou utópico em não substimar a memória desse povo. Eles não esquecerão dessa prole de artistas e das lutas pra mudar.
Ontem vi Nara, coração de Leão, junto a ela estava Chico e Maria, se deliciavam em risadas, filmavam com Cacá Diegues. A boca do povo te proclama, Elis gravou uma música daquele amigo do Gonzaguinha, acho que seu nome é Aldir Blanc. As vezes prefiro que Clara Nunes tivesse posto sua voz, mas nos últimos tempos tem se preoucupado com a difusão da cultura africana. Me pergunto por Caetano e Gil, a Tropicália se extinguiu e não ouço mais as flores. Nosso espetáculo são os Novos Baianos e a preta, preta, pretinha Elza Soares.
Fui à Bahia com Jair, em desparadas conheci um tal de Glauber Rocha e lá também estavam os mineiros do Clube da Esquina. Receio que no futuro nossos jovens não se lembrem de Jobim, Secos e de Geraldo. Mas tenho que ter fé. Até mais, irmão do Henfil. Abraços.
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Rio de Janeiro, 01 de Abril de 1975.


De alguém que nascerá um ano antes da morte de Raul Seixas e Luiz Gonzaga.

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